Quando surgiram e como funcionam as áreas de escape para caminhões nas rodovias?

Foto: Arteris Litoral

Alguém alguma vez já percebeu um caminhão com os freios fumaçando ao descer uma serra?

Mas porque isso ocorre e porque está aumentando com mais frequência?

A fumaça causada pelo excesso de temperatura do sistema de freios de um caminhão é algo que vem sendo percebido com mais frequência, face ao aumento de veículos de carga nas estradas e ao reaquecimento da economia pós-Covid.

Quando o sistema de freios ultrapassa a temperatura de 250ºC, sua eficiência vai sendo reduzida gradativamente, devido ao atrito constante entre as lonas e os tambores.

Essa situação fará com que os freios parem de funcionar por completo e apesar do motorista pisar no pedal, nenhuma desaceleração do veículo é percebida nesse momento.

O que fazer quando isso ocorrer?

Apesar de ser assustador a sensação de perder os freios, pois além de não frear o veículo pode ainda ganhar velocidade, em primeiro lugar o caminhoneiro deve tentar manter a calma e saber que podem ser utilizados outros recursos para diminuir a aceleração do caminhão.

Existe o sistema auxiliar, como o freio-motor e o freio retarder, porém, podem não ser suficientes para parar o veículo. Também pode ser utilizada uma subida para diminuir a velocidade e guiando o caminhão para um acostamento.

Porém, se nada disso funcionar para parar seu caminhão, foram criadas áreas de escape.

Essa grande invenção surgiu entre os anos 50 e 60, nos Estados Unidos e nessa época, começaram a aparecer caminhões cada vez maiores e pesados, rodando por longas estradas, praticamente todo por todo o território Norte-americano, passando inclusive por trechos montanhosos.

A ideia inicial era criar uma rampa com elevação contrária ao da via, mas com uma inclinação maior. Com isso, mais de 2.150 acidentes foram evitados, graças a esse dispositivo e isso somente no ano de 1981, conforme dados da NHTSA – Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário dos EUA.

Alguns anos depois, surgiram outros dispositivos, como as caixas de brita e o sistema com cerca de cabo de aço acoplados a um sistema elástico, que o caminhão bate e desacelera, porém esse último é o mais caro e sua manutenção também é.

A área de escape em rampa possibilita uma desaceleração bem rápida, em especial se o ângulo for suficientemente acentuado, mas o risco do caminhão ultrapassar a rampa ou retornar de ré ainda existe.

Muitas rampas possuem galões de água no final da pista, evitando que o caminhão caia em um abismo.

Mas qual é então considerado o melhor sistema para parar um caminhão?

O melhor sistema para desacelerar um pesado de forma mais eficiente é a caixa de brita e ela ainda evita maiores danos ao veículo também, podendo rodar para que seja efetuada uma manutenção, logo após ter utilizado esse sistema.

Esse tipo de rampa trata-se de uma caixa cheia de cascalho, pedregulho, pedras britas, argila expandida (cinesita) e outros tipos de materiais.

Ao acessar esse local, o caminhão diminui a aceleração rapidamente porque as rodas afundam e a parte inferior do veículo, como eixos, suspensão e chassi, passam a ter contato com a caixa, geralmente parando em poucos metros. Um caixa desse tipo permite ter uma potência de desaceleração superior aos 4 mil cavalos.

Após entrar em uma caixa de brita, o veículo só consegue sair de lá guinchado, tendo que passar por uma revisão antes de voltar a rodar, pois o atrito com o material, pode danificar o tanque de combustível, tanques de ar e partes inferiores em geral.

Os danos geralmente são mínimos, mas podem ocorrer, dependendo da velocidade, do peso entre outros fatores. Em nosso país, a maioria das caixas de brita utiliza argila expandida (cinesita) pois é um material leve e barato e que ainda evita a maioria dos danos aos caminhões.

Esse sistema só permite a entrada de um caminhão por vez, para não colocar em risco a equipe de resgate, porém já foi registrado em nosso país, uma entrada dessa com dois caminhões.

O custo aproximado de construção e instalação de uma caixa de brita é de R$ 15 milhões.

Redação – Brasil do Trecho

Fonte: Blog do caminhoneiro