Saiba como eram praticados os aumentos dos combustíveis pela Petrobras anteriormente e porque mudaram a política de reajustes dos preços

Foto: Diego Vara

Entende toda a cronologia relacionada à crise dos sucessivos aumentos do diesel, desde a tentativa de controle de preços à greve de 2018 dos caminhoneiros que parou o Brasil.

Segue a cronologia dos fatos, com comentários à época mas que suas consequências reverberam até hoje na vida de todos os brasileiros

No governo de Dilma Rousseff, utilizava-se um mecanismo para conter o aumento da inflação e a variação dos preços internacionais era aplicada de forma defasada aos valores praticados internamente.

Taxada como uma “interferência política” nos preços dos combustíveis de 2008 a 2014, o governo era acusado de usar a Petrobras como instrumento de política macroeconômica para controlar a inflação, praticando reajustes com preços abaixo do mercado.

A prática de atrasar e segurar o repasse dos preços internacionais aos combustíveis no mercado interno permitia ao governo, influenciar na prática os índices da inflação por meio da gasolina, do diesel e derivados do petróleo, obrigando a Petrobras a vender os produtos com preços abaixo do mercado, tendo como consequência prejuízos para a estatal brasileira.

Dessa forma, o governo na época conseguia conter os aumentos dos preços dos combustíveis, evitando que ele se disseminasse pela economia, afetando os produtos que dependem diretamente do transporte rodoviário e de insumos derivados do petróleo.

Em 2016, com a nova Administração da Petrobras tudo mudou e para a grande maioria dos brasileiros, para pior!

O novo presidente da Petrobras, empossado por Michel Temer, passou a ser Pedro Parente, que tomou posse em 2016 afirmando que a política de preços da companhia seguiria os interesses da estatal e não teria mais as influências dos governos.

Em outubro daquele ano, o valor dos combustíveis começou a acompanhar a tendência do mercado internacional, tendo como base não somente o preço do petróleo bruto, mas também os custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias, além de uma margem para remunerar riscos inerentes à operação, como a volatilidade de câmbio e dos preços, lucro e tributos.

Com essa nova política, as revisões e reajustes dos preços passaram a ser realizadas pelo menos uma vez por mês, podendo haver manutenção, redução ou aumento nos valores praticados nas refinarias, com impacto nas bombas e consequentemente para os consumidores.

A estatal ressaltou na época que não praticaria preços abaixo do praticado no mercado internacional, sinalizando assim o fim do combustível subsidiado, que eram políticas adotadas por governos anteriores.

Em Junho de 2017 – frequência ainda maior de reajustes

Após verificar que não estava conseguindo acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações de petróleo e derivados, a Petrobras no governo de Michel Temer, anuncia que haveria uma frequência maior nos ajustes de preços.

Então, a partir de 03 de julho de 2017, a estatal passou a realizar reajustes dos preços a qualquer momento, inclusive diariamente.

A revisão da política aprovada em período anterior recente, permitiria maior aderência aos preços praticados pelo mercado interno em relação ao mercado internacional em curto prazo e possibilitaria à Petrobras competir de maneira mais ágil e eficiente, comentou a estatal na época.

Desta forma, o preço do petróleo depois de dois anos com recordes mínimos de aumentos, começavam a subir no mercado internacional justamente em junho de 2017.

Pela primeira vez em dezembro daquele ano, desde a implementação dessa nova política, o litro de gasolina já ultrapassava a barreira dos R$ 4 nos postos de combustíveis. 

Greve geral em maio de 2018

O mês revela a chegada de vários protestos dos caminhoneiros, insatisfeitos com os constantes reajustes e o aumento dos preços dos combustíveis, que segundo os líderes da categoria, inviabilizava o transporte de mercadorias no país.

A CNTA – Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, apresentou um Ofício ao governo federal, no dia 16 de maio daquele ano, pedindo o congelamento do preço do óleo diesel e a abertura de negociações, mas foi ignorada.

No dia 18 é lançado um comunicado em que mencionava a possibilidade de paralização nacional a partir do início da próxima semana, o que de fato ocorreu.

Pressionada, a Petrobras anunciava redução nos preços do diesel nas refinarias, motivada por uma leve queda do dólar. O então ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, declarava que não havia a possiblidade de cortar impostos, diante da dificuldade de equilibrar as contas públicas.

Pedro Parente, presidente da Petrobras, pressionado anunciou que a estatal daria uma redução de 10% no preço do óleo diesel e que manteria esse preço durante as próximas duas semanas. A paralisação, no entanto, continuou. A greve que chegava ao seu quarto dia, já afetava vários setores da economia do país. Teve como raiz a insatisfação com a nova política de preços dos combustíveis, que passou por significativa mudança no início do governo de Michel Temer, em 2016.

Desde então, os reajustes passaram a ser determinados pela Petrobras e de acordo com as variações do dólar e dos preços do barril de petróleo no mercado internacional e que vigoram até hoje.

Redação – Brasil do Trecho